Saí correndo com a pontuda na mão e a trouxinha de gente pendurada no meu cicloandante cabuloso. A dupla de dois estava registrando alguns jovens inflados de primaveras cantando, enchendo a cara de cachaça e postergando para a história fútil da humanidade mais uma das futilidades que, por serem descompromissadas com os compromissos, tornam-se mais importantes do que os gritos de dependência fanha e as mortes de grandes territorialistas virtuoses. Estavam lá o bigode de óculos, as bailarinas lunáticas de luneta na mão (tentando a achar o foco e o enfoque), os três patetas, a moçatambor e um monte de figurantes desarrumados em cima da hora pela produtora do por acaso eu tava ali. Eu bem vi uma moça, cabelos longos e enrolados, blusa branca, olhos de fúria, jeito de cigana, sorriso sacana. Eu bem a vi perdida nas idéias, mas achada na confusão dos sistemas de registro. E ela não me viu. Ou, se me viu, não fez muito caso. Mas eu a vi e pensei: que moça bonita essa. Quero ela pra mim. E fui embora com a trouxinha de gente deixando a pontuda avisada: fure os painéis, rasgue as telas, arrebente com os cenários antes mesmo que eu possa encontrá-la novamente entrelaçada num rapazote caradecão em mais um desses becos imundos que a gente cisma de frequentar só pra ver se a vida nos puxa pra baixo da linha do inferno, onde nem o diabo costuma ir porque sua mãe não deixa. E lá encontrei ela de novo, mãe do diabo, cuspindo fogo para clarear as mentes nubladas da moral, arrepiada pelo toque do folem de campinagrande, empunhando um multiplicador de vozes e enchendo de inveja as demais mães, mães de bêbados, bandidos e defuntos, que cantavam incessantemente para tentar espantar um ou dois males que logravam suas mentes poluídas. Os cantos traziam elas para o plano dos jardins de flores, incautos, como o parto-ato da primeira masturbação jovem. Pois bem, com o olho no furacão vermelho, através de cantatas e conversas fiadas nos lugares de encontros e desencontros de espíritos mancebos, batendo platinelas, mesas e palmas, subimos ao cume do sobradoalbergue, fazendo a maior arruaça contida que já vi na vida, orgia com contrato, coito interrompido da farra, no qual, trajando minhas duas fantasias, dormi sossegado e agitado com a cabeça afundada no travesseiro do conflito. Nasceu o sol. Acordando árido, senti a memória dando bicos na minha cabeça que, sufocada, tentava arranjar um espaço qualquer para arrumar a bagunça das minhas imagens, sons e sentidos. Está tudo aí? Perguntava. Está? Perguntei. E nos demos conta de que, além da ingenuidade, perdemos também a vergonha e o aparelho de falar com pessoas imateriais. Toca pra descer, pra achar o aparelhinho que ninguém mais vive sem um. E acha o aparelhinho. Oi. Oi? Oi! Você trabalha na Oi? A comemoração se deu com um banho de sal e uma despedida forçada. Despedida fórceps.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
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