quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
A morte de BlauBlau
domingo, 8 de novembro de 2009
Tamojunto
domingo, 1 de novembro de 2009
Vai bem? Vai a pé ou vai de trem?
Como todos sabem, além de apicultor, torcedor fanático do São Cristóvão e jornalista nas horas vagas, também desempenho uma outra função: sou contínuo na Câmara de Vereadores do Município de Duque de Caxias na Baixada Fluminense. Aliás, poderia até dizer que esta é a minha primeira profissão, tendo em vista que as pensões responsáveis pelo sustento dos meus dois filhos e da minha ex-mulher, a piranha da Fátima (Josué e Sara, desculpem o papai, mas não deu...), são provenientes dos descontos em folha que recebo no contracheque desta minha ocupação. Pois bem...
Na semana retrasada, embarquei no Niterói-Caxias regressando ao meu querido e amado município após um dia de trabalho fatigante. Para quem acha que Caxias fica no c... do mundo, eu comunico: senhores, minha viagem de Caxias até o Terminal Rodoviário João Goulart levou nada mais do que 34 minutos. Por acaso, cronometrei. E assim que cheguei, encaminhei-me à plataforma C do Terminal pensando "Vou cronometrar agora o tempo de viagem do Centro de Niterói até minha casa". Adentrei no ônibus da viação Araçatuba, linha 47 (Centro – Vital Brazil). Dizem os especialistas em trânsito (no caso, cobradores e pilotos, pois mais especialistas que estes não há) que, em condições normais de trânsito, a viagem do Centro ao Vital Brazil não leva mais do que 15 minutos para ser concluída. Atenção, leitores! Eu disse 15 minutos. Pois bem... Peguei o dito cujo 47 às 20 horas e exatos 12 minutos e, pasmem, às 21 horas e 1 minuto estava eu descendo no ponto em frente a minha casa, que fica entre o Posto de Saúde Sérgio Arouca e o Clube Pioneiros. Foram 49 minutos, leitores!!! 49 minutos do Terminal Rodoviário até o ponto da minha casa. 34 minutos a mais do que numa viagem normal e 15 minutos a mais do que o trajeto Caxias-Niterói que, apesar de pegar a via seletiva, encara nada mais e nada menos do que a Rodovia Washington Luís, a Av. Brasil e a Ponte Presidente Costa e Silva. É o fim da picada!
Na semana passada, o prefeito Xorxinho e o ex-prefeito de Curitiba Jaime Lerner apresentaram uma nova proposta para melhorar nosso trânsito. E adivinhem qual é a espinha dorsal do plano? Aumentar o sistema de transporte através das vias marítimas! Não brinca? Por 100 mangos eu fazia esse projeto, pô! O plano do ex-prefeito curitibano prevê mais três ligações marítimas através das tradicionais barcas (Jurujuba-Ramos, Icaraí-Leblon e Barreto-Magé), um sistema de gôndola-táxi, inspirado nas gôndolas venezianas e nos mototáxis do Morro do Castro, um trem-bala ligando o Ponto Cem Réis à Caixa D'água e uma ciclovia ligando a UFF ao Rio do Ouro. Genial, não acham? Eu não sei de vocês, mas eu estou cheio dessas soluções mirabolantes para o trânsito da nossa cidade. E não é só o trânsito que me tira do sério. Anteontem mesmo fui assaltado em frente ao restaurante Lamole da praia de Icaraí. Por sorte, estava apenas com R$ 10 reais na carteira, um maço de cigarros e meu cachorro Cauby. Os marginais levaram os R$ 10 reais e os cigarros, mas, graças a Deus, deixaram o Cauby.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Contentude Contentamento
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Cambéqui
É bom, é fantástico, é legal, é bacana.
É agir como se todos os dias
Fossem dias de fim de semana.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Rolê Jovem
sábado, 26 de setembro de 2009
E Agora, Creuza?
Dona de um torturador sapato alto,
Na cama que você me punha
Meu corpo se desfez num salto.
Gozadora na cara da maturidade,
Traz no sorriso uma música sacana.
Escorada no perímetro da saudade,
Já foi minha por mais de uma semana.
Eu te tenho uma coisa inédita:
Filme de drama misturado com comédia.
Eu te tenho novidade da ciência:
Descoberta arqueológica da minha consciência.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Derretendo Satélites
Existem formas, fórmulas e identidades.
E eu me tenho e retenho contigo
Para desconstruir todas as meias verdades.
domingo, 20 de setembro de 2009
Esporro
O lençol me afoga com seu dengo.
Vamos ficar três dias direto nessa praga
E vai tomar no cú, flamengo!
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
De Humilde
E te mando mensagem no fone.
E te espero na minha modéstia.
E te insisto no tempo do homem.
E te aguardo pro dia seguinte.
E te águo na minha infância.
E te incho num cretino requinte.
E te desafogo com minha constância.
E te quero num tal desassossego.
E te exponho num grande cabilde.
E te rimo sem ter desapego
No meu verso cantado de humilde.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Da Arte de Sucumbir
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Poema Cretino
Categoria que me desalinha,
Que me insere numa vã desordem
E me afunda na vasta boemia.
Cretino sou eu ainda
Quando enceno, narro, minto, invento.
Quando gasto minha tal palestra
No rastro do seu movimento.
Mais cretino que eu, contudo,
É o ar vadio que a mim sustenta.
Porque quando você me encosta,
Ele quase que me arrebenta!
Amadurecer
Amar e endurecer.
Transformar em coisas que eu amo,
As coisas que eu tenho que fazer.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Estrago
Saia do seu sono pra que eu possa ter contigo:
Possuo, ao avesso, uma nova pra tramar,
Cuspa seu oráculo pra que eu possa derramar.
Cabuloso magro mestre, guardião dos comprimidos,
Atenção à minha carta recheada de pedidos:
Dê-me um feitiço com três vidas, oidemorôparabalar,
Na primeira eu ensaio, na outra vou representar.
Magro mestre cabuloso, guardião dos comprimidos,
Arremeta longe a pedra fundamental dos meus sentidos:
Na terceira vida breve, antes da luz se apagar,
Eu vou jogar no ventilador e vou botar pra estragar!
sábado, 5 de setembro de 2009
Farinha de Rosca
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Conxilo
Já come tritongos, ditongos, vogais.
E eu já não durmo sem ela.
Sem ela já não vivo mais.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Discurso
O olho não declarar
E, se por consequência ou displiscência,
O corpo não traduzir,
Ácida ou plácida,
Gritada ou tatuada,
Em estado terminal ou grávida,
A morfologia de qualquer palavra
Virá muda e pálida.
E virá só para confundir.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Porra, Nietzsche!
E pensar para parar tudo que escrevo,
E escrever para pensar tudo que paro.
Ou se parar para pensar tudo que escrevo,
Ou pensar para escrever tudo que paro,
Ou escrever para parar tudo que penso
Não vou chegar ao consenso que me interessa.
Então vou dar um ponto final
Nessa minha obsessão desconexa
Para não desvirtuar o amor que tenho por você
E não acabar com nossa farra e nossa festa.
E se, por acaso, meu estado bomba não-idílico
Irritar seu espírito em um vacilo tolo,
Peço que não me dê um tapa e nem fique perplexa,
E que não me venha com um seco bolo.
Porque mais chato que uma impossibilidade crônica
É a não vibração de uma relação afônica.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Ordem de Grandeza
Não há modelo, alma combinação.
Não há registro em arquivo,
Ou contrato que, pelo crivo,
Se legitime no curso da história.
O tamanho do amor
É a confirmação do seu vazio
E a falta que ele faz
A gente mede na memória.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Fiz no Vaso
Meu órgão mais prostituto,
Entre uma veia vesga
E uma artéria bêbada,
Sob muita pele e pouco músculo,
Um pouco acima da válvula mitral,
Tenho uma estante de maçaranduba bruta,
Presente de grego de uma velha puta,
Onde te guardo a partir de agora,
Sem hora e sem demora,
Na prateleira mais central.
E me pergunta hoje em dia
Minha consciência de elástico:
Tu és um moleque mazoquista
Ou um piadista rato fanático?
E eu digo: que naaaaaaaada...
Nem tanto, nem tampouco,
Sou assim mesmo: meio prático.
Sou multi apaixonado por ela,
Porque ela ri de mim,
Porque ela não me leva a sério
E, principalmente,
Por causa da sua linda perna de plástico.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Xuxanti, Olhos de Xavante
Obrigado, por favor,
Desculpa, de nada,
Chego cedo, não me espere.
Frases fáceis e feitas
Sem roteiros ou receitas,
Que a gente fala toda hora,
Na tempo que se enrola,
No tempo que se estende,
No tempo que circula.
Que a gente fala sem medo,
Sem segredo, sem trote e sem firula.
Às vezes sonhando, conscientes.
Às vezes acordados, por engano.
Mas diferente do euamovocê
Que traz, sem cobrança,
O compromisso do euteamo.
domingo, 9 de agosto de 2009
Política da Boa Vizinhança
Moderação e surto são sinônimos:
Tem skol a um e noventa e nove
Do lado do Alcoólicos Anônimos.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Mãe do Diabo
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Tanto
Que com o móvel me enrosco
Esperando a fala tua.
E, se perdida ela emudece,
O meu tempo mais que cresce
Nessa vontade carnecrua.
Quero você agora.
Quero muito, tanto e nua.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Conversa Normal
Falta de estratégia.
Descompasso.
Desconsolo.
Mistério de Dona Milú.
Você. Minha vitóriarégia.
Filme de comédia.
Inexata.
Desmedida.
A primeira letra u.
Você. Minha rima fácil.
Força de combate.
Destemida.
Dostoievski.
O meu tofú.
sábado, 18 de julho de 2009
Mambo que Sambo
terça-feira, 14 de julho de 2009
Rói que Dói
Hoje ele está meio dodói.
Fica caidinho, querendo carinho.
Isso me rói, que rói...
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Gaza Comigo
Todo coletivo tem a sua:
Mulherbombadinamite.
Voltando da Lapa ou da labuta,
Virada ou no limite.
Desintegrará minha agonia
Num susto de arrebite.
Descompassará minha harmonia
Pela janela de sulfite.
Com um olho que ignora
E um outro que insiste.
E não haverá mais vontade e desejo.
Não restará tesão ou sina.
Porque todo corpo tem uma
E todo coletivo tem a sua:
Mulherbombapalestina.
sábado, 11 de julho de 2009
Fardo
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Bolsa Amarela
Toda transada, curtida, da hora.
Um dia ela fugiu de casa,
Tomou um táxi e foi embora.
Triste, ficou chorando,
Não teve tempo nem pra despedida.
Lorelai se pendurava na bolsa
E a bolsa se pendurava na vida.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
domingo, 5 de julho de 2009
Micropoema de Quinta
Cabracega é o melhor recado:
Não se espera, nem se avança,
E cada um no seu quadrado.
sexta-feira, 3 de julho de 2009
domingo, 28 de junho de 2009
sexta-feira, 26 de junho de 2009
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Poema pras Bonitas
Uma que espera, outra que avança.
As duas são muito bonitas,
Uma me cega, outra me encanta.
As duas são muito bonitas,
Uma me beija, outra me espanca!
A da festa é aquela que espera,
Igual a da praça, igual a do jazz.
A mesma que bonita me cega
E que cega mais três, que cega mais dez.
Que atrai outros tão vinte e dois
E que tem vinte e dois (bailarina da vez).
Que espanca! me cobra fiança,
Me enxota, me afrouxa, me toma o mês.
A outra é aquela da mesa
Que avança certeira além do Paraguai.
Que puxa a cadeira faceira
Que não está de bobeira (uma dose a mais!).
Que encanta, meus males espanta,
Me brota palavras, me beija e se faz
Que inflama minha agenda, meu blog,
E seca, esnobe, meu dicionário Houaiss.
Eu conheço duas bonitas,
Uma que espera, outra que avança.
As duas são muito bonitas,
Uma me cega, outra me encanta.
As duas são muito bonitas,
Uma me beija, outra me espanca!
A do hotel é aquela que espera
Que foi e que era, que hoje não é mais.
A mesma que bonita me cega
E à farra me entrega um caminho pra trás.
E namora com cara mais velho,
Que deu com o chinelo no Freud de mim.
Que espanca! me cobra fiança,
Me vende, me rende, me expurga no fim.
A outra é áquela bandida
Que avança certeira a fronteira latina.
Que arrega, bufando desprega,
Tesão assombroso na voz de menina.
Que encanta, meus males espanta,
Rodopia gostosa, me beija e se faz
Que vai embora, que mora na hora,
E que deixa no ar um gosto de quero mais.
Eu conheço duas bonitas,
Uma que espera, outra que avança.
As duas são muito bonitas,
Uma me cega, outra me encanta.
As duas são muito bonitas,
Uma me beija, outra me espanca!
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Micropoema da Menina que Tocatamborim
Paro e disparo:
Quero dançar o teu samba.
Quero cantar teu sorriso raro.
domingo, 21 de junho de 2009
Poema Traiçoeiro
Faca entre os dentes.
Buscar a traiçoeira
Para uma festa quente.
Festei.
Saí da festa
Com a mão entrelaçada.
Inventei um romance
Sentado na calçada.
Apaixonei.
Ela me mandou embora,
Vai lá tu, correr no fundo.
E eu fazendo poema pra ela,
Sorriso mais bonito do mundo.
terça-feira, 16 de junho de 2009
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Micropoema do Vácuo
Somberro cuspido no nada.
Você não ouvirá mais.
Ninguém sabe como se propaga.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Micropoema do Buzão
Para saber se o Bujão já sabe fazer doce.
Se quer tudo como quer que tudo fosse.
Se quer tudo como se fosse um sesse.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Pretérito Mais que Verdadeiro do Indicativo
Tu pinoqueias.
Ele(a) pinoqueia.
Nós pinoqueiamos.
Vós pinoqueiais.
Ele(a)s Pinoqueiam.
domingo, 7 de junho de 2009
Poema do Dançarefinalizar
Memória de elefante,
Que foi andarilha errante
Dos butecos manauaras.
Defensora incontestável
De um tratado inconsolável
Das liberdades provisórias
Às libertinas camisolas,
Está com a cabeça a prêmio
Porque apontou o dedo em riste
E é tema único e solitário
Desse meu clandestino chiste.
Bailarina madruguenha,
Fugitiva de romances,
Carnavalesca caribenha,
Nada será como antes.
Aprendeu na gafieira
A dançar como ninguém
E a marcar coreografia
Nos granfinales do bem.
E com máximo respeito
Que o meu peito pode arcar:
Me tire um dia no salão
Para dançar e finalizar.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Poema do Panoptismo
Nos cantos surdos do meu corpo
E quando o mesmo, paralisado e oco,
Permite o eco das vontades negadas
É que me faço cambalaxo zombeteiro,
Marginália, mais frágil que matreiro,
Embriagado no rigor das certezas mortas
E no seu olhar que atravessa a ponte e me vigia.
Mergulho num teatro raso de alegria,
Performance sabotadora e autopunitiva,
E não me esqueça no porão da sua memória,
E não me atropele com sua locomotiva.
Porque eu não vou fugir da sua raia,
Mas vou pedir pro DJ tocar dez vezes Tim Maia.
Porque estás comigo quando estou além,
Ainda que o DJ toque cem vezes Jorge Ben.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Poema das Vírgulas
Amor meu em mim será só.
E se só você se for,
Deixando-me só, com teu amor,
Só ficaria só.
Entretanto,
Se você for só, meu amor,
Amor, meu em mim será só.
E se, só, você se for,
Deixando-me, só com teu amor,
Só ficaria, só.
***
Abaixo,
Reescreva o Poema das Vírgulas
Substituindo a palavra só
Pelas seguintes palavras:
- Sozinho
- Sozinha
- Apenas
- Único
Poema das Lacunas
Amor meu em mim será _______.
E se _______ você se for,
Deixando-me _______, com teu amor,
_______ ficaria _______.
Entretanto,
Se você for _______, meu amor,
Amor, meu em mim será _______.
E se, _______, você se for,
Deixando-me, _______ com teu amor,
_______ ficaria, _______.
domingo, 31 de maio de 2009
Cachorro Raivoso
sexta-feira, 29 de maio de 2009
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Poema do MaldoSéculo
Que contigo ainda vou esbarrar
Sóbrio no meu estado idílico.
E mais uma dose eu vou tratar de tomar
Pra quando você inventar de gastar
Com meu surto de paixão esquisito.
Mas dessa vez não vou dar o braço a torcer
Arranco a língua pra não ter que dizer
Que você é a maior das feminices do bonito.
E, portanto, é ver para crer,
O caô que eu vou proceder:
Relaxa, Bonita, não fui eu, foi meu eu lírico.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Testa-Elástico
domingo, 24 de maio de 2009
Micropoema de domingo
Que a manhã a noite inunda.
Macarrão é solução no prato
Para o meu dia cara de bunda.
Fico dez vezes mais Tim Maia
Esperando a cara da segunda.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Poema das Praxidades
Minha resposta fica logo larga
E eu me contorço nas supostas bostas
Respostas da caridade.
Mas você se dá bem com ela?
Perguntam os engessados.
Mais que tu e a tua sonsa noiva,
Cambada de prego castrado.
Minha regra é não ter regra,
Ficar com o sinistro dela.
Namorar com teu sinismo sonso.
Casar com sua patetada.
Ver ela virar mulher na lua cheia da madrugada.
Deitar num colchão furado,
Passagem pra terra finda.
Trepar na pedra selvagem,
Calombo da praia linda.
Guardar seu carinho todo
No tapa que me deu na cara.
Ferver sua pele toda,
Espelho de beleza rara.
E quando, em mais um lance vesgo,
Perguntar como era antes,
Direi: somos confidentes,
Comparsas e, quem sabe, amantes.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
terça-feira, 19 de maio de 2009
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Poema do Bicho Solto
Louco, revolto.
Bicho enfim.
Quando eu te capturar arredio,
Fugitivo nas vastas terras órfãs,
Vou te enjaular só e sozinho
Na última pasta da última gaveta
Do último armário da última sala
Do último prédio da última rua
Do arquivo morto da minha memória.
E lá vou te deixar quieto,
Sinuoso com olhar reto,
Pão e água e colchão de mola
Para que em meu corpo você não faça escola,
Nem se crie, nem se copie,
Nem se cresça, nem desapareça,
Nem se multiplique e me subtraia.
Vai ficar lá, todo inteiro,
Arrumando e desarrumando a mala,
Calando e descalando a fala,
Até que alguém lha pague a fiança,
Fiado e com desconfiança,
Te libertando para assombrar
Outros mundos com teu jeito assim.
Bicho solto dentro de mim.
Louco, revolto.
Bicho enfim.
domingo, 17 de maio de 2009
Cãibra
Poema da Bonita
Que a boniteza do bonito pôde bonitar.
Bonita sempre.
Bonita todo dia.
Bonita comigo.
Bonita com teus amigos.
Bonita com a vida.
Você é sim.
Assim.
A mais bonita.
E na minha agenda bandida
Tem menos dois dias
Que eu me tirei para dar para você.
E o que lá dizia você já sabia:
Que a mais bonita de todas
Num poema não crê.
sábado, 16 de maio de 2009
Poema da Perdição
Uma paixão de faculdade e uma paixão de carnaval.
Perdi convite, ingresso, senha, lugar na fila, vez.
Perdi início de filme, final de festa.
Festa boa porque tava duro.
Festa melhor porque tava chapado.
Já perdi a hora da entrada, a hora da saída.
Perdi o tempo do sinal.
Prova de concurso, prova de coragem,
Prova de amor, prova de vestibular.
Já me perdi num lugar estranho e num lugar familiar.
Já me perdi dentro da barca Rio-Niterói
E depois perdi a final da Copa de 2002.
Perdi final de campeonato.
De campeonato de botão e de judô.
De escola de samba, de escola de criança.
Final de campeonato de videogueime.
Já me perdi dos meus amigos no show.
Do meu romance no bloco.
Perdi dinheiro, casaco, chinelo, guarda-chuva.
Prova de proficiência em língua estrangeira:
Eu já perdi.
Já perdi amigo.
Já perdi a honra e a dignidade.
Já perdi a vergonha.
Perdi a chave da bicicleta.
A chave de casa.
Perdi a data do vencimento da conta.
A consulta da dentista do meu filho.
Já perdi o que se anota
E o que se guarda na memória.
Já perdi a vontade de ter,
A vontade de ser o que se é,
A vontade de ser alguém
E outra vontade qualquer.
E de tanto perder e me perder com tanto,
Perdi comigo o sentido do que é perder.
E, aí, me achei.
Balão Mágico
Quando você não está
Reveión
Poema do Tempo
Que jurava ser o maior da vida
E para ele comprou uma casa
Na maior e mais linda avenida.
O mantinha feliz sossegado,
Cercado de mimos e apreços.
Estava sempre perfumado e belo
À espera no mesmo endereço.
Um dia, porém, repentino,
O amor agiu diferente:
Bateu a porta do quarto
Por causa da escova de dentes.
Passado um mês, quase dois,
O mesmo agiu com ranhura:
Calou-se um dia inteiro
Por causa da abotoadura.
Um ano corrido após,
Arredio, se pôs em batalha:
Greve de tudo na cama
Por causa da molhada toalha.
Dez anos passaram sem egos
E o amor em um caos turbulento:
Fitos surdos e toques cegos
Por causa do pouco provento.
Trinta anos passados à pressa,
O amor chamado nem respondia:
O silêncio morto da casa
No seu próprio eco morria.
Numa quarta, dia de feira,
Rosenbaun saiu cedo - rotina.
O amor ainda fez uma queixa
Quando ele dobrava a esquina.
E lá ficou, rancoroso,
Do Rosenbaun, o maior amor da vida,
Esperando ranzinza ansioso
Na casa da antes bela e maior avenida.
E ficou lá por mais sete anos
Com o olhar carente e atento,
Pensando em como fazer voltar
A cruel flecha do tempo.
Micropoema do Querer
Tudo que não pode eu quero too.
Tudo que pode eu quero.
Tudo que não pode eu quero two.
Poema do Homem Ordinário
Gaboso fico por não usar relógio,
E me engano ingênuo, penso bobo,
Que não sou peça da representação do óbvio.
Me afogo então em discursos desconexos.
Vacilo.
Quando segundo reflexos.
Minuto brevidades em reticências.
Horo encontros possíveis.
Ano vidas em cadências.
Decádo meus projetos de futuro.
E secúlo vidas em demência.
Poema do Prasempre
(e sem esforço.)
Num combinado de momentos e lugares certos
(calendário?)
Num calado leito
(nosso dorso.)
Estar num caminho findante
(infinitário.)
Deixar pra sempre a vida pacata
(esse colosso!)
Na certeza de um amor
(binário.)
Dormir pra sempre no seu abraço num motel barato
(um fosso?)
E não acordar nem por um barulho
(do caralho!)
O Homem da Memória de Barata
Micropoema da Certeza
Corre pela minha artéria,
Pergunta pelo resto de mim.
Enquanto houver dúvida, viverei enfim.
Enquanto houver dúvida, viverei. E fim.