sábado, 26 de setembro de 2009

E Agora, Creuza?

Mestre na arte de fazer a unha,
Dona de um torturador sapato alto,
Na cama que você me punha
Meu corpo se desfez num salto.

Gozadora na cara da maturidade,
Traz no sorriso uma música sacana.
Escorada no perímetro da saudade,
Já foi minha por mais de uma semana.

Eu te tenho uma coisa inédita:
Filme de drama misturado com comédia.
Eu te tenho novidade da ciência:
Descoberta arqueológica da minha consciência.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Derretendo Satélites

No meu espaçotempo bandido
Existem formas, fórmulas e identidades.
E eu me tenho e retenho contigo
Para desconstruir todas as meias verdades.

domingo, 20 de setembro de 2009

Esporro

Morro no colchão: ele me traga.
O lençol me afoga com seu dengo.
Vamos ficar três dias direto nessa praga
E vai tomar no cú, flamengo!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

De Humilde

Eu vou embora da festa.
E te mando mensagem no fone.
E te espero na minha modéstia.
E te insisto no tempo do homem.
E te aguardo pro dia seguinte.
E te águo na minha infância.
E te incho num cretino requinte.
E te desafogo com minha constância.

E te quero num tal desassossego.
E te exponho num grande cabilde.
E te rimo sem ter desapego
No meu verso cantado de humilde.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Da Arte de Sucumbir

Numa banca de jornal na frente da sua casa,
Mais ou menos na hora e na vez do sol,
Intimei o jornaleiro - porra! mermão, não me defasa!
São os acréscimos de um jogo de futebol.
E invadi o seu portão (cela de cadeia)
Pra te cruzar palavras com meu pretérito errante,
Pra te convencer que um dia a chama da vela desincendeia,
Pra te provar que já estava impresso o nadaserácomoantes.
E você, esperta, ocupando o tempo pra não ter que (ó!)culpar,
Subindo as escadas numa fuga (craque do besunto),
Inventando afazeres pra não ter que me encarar,
Mudando os planos pra poder mudar de assunto.
Desceu do particular formigando o que sentia,
Subiu no coletivo assassinando um unicórnio,
Derramou a combinação de palavras que eu queria
E tomou o lugar mais alto do meu pódio.
Forjada no forno que traz o amor antes do beijo,
Beleza rara da ordem do artesanal,
Testemunha-chave do nascimento do desejo,
É agora a minha única, a minha a, a minha tal.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Pra quem me ama mesmo assim

Eu sou...
Eu sou amor...
Eu sou amor da cabeça aos pés...

Poema Cretino

Cretino sou eu de práxis,
Categoria que me desalinha,
Que me insere numa vã desordem
E me afunda na vasta boemia.

Cretino sou eu ainda
Quando enceno, narro, minto, invento.
Quando gasto minha tal palestra
No rastro do seu movimento.

Mais cretino que eu, contudo,
É o ar vadio que a mim sustenta.
Porque quando você me encosta,
Ele quase que me arrebenta!

Amadurecer

Amadurecer.
Amar e endurecer.
Transformar em coisas que eu amo,
As coisas que eu tenho que fazer.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Estrago

Mestre magro cabuloso, guardião dos comprimidos,
Saia do seu sono pra que eu possa ter contigo:
Possuo, ao avesso, uma nova pra tramar,
Cuspa seu oráculo pra que eu possa derramar.

Cabuloso magro mestre, guardião dos comprimidos,
Atenção à minha carta recheada de pedidos:
Dê-me um feitiço com três vidas, oidemorôparabalar,
Na primeira eu ensaio, na outra vou representar.

Magro mestre cabuloso, guardião dos comprimidos,
Arremeta longe a pedra fundamental dos meus sentidos:
Na terceira vida breve, antes da luz se apagar,
Eu vou jogar no ventilador e vou botar pra estragar!

sábado, 5 de setembro de 2009

Farinha de Rosca

Quando meu epitélio virar capa de chuva de micróbio, e meu quadríceps descer ladeira sem freio, e meu ílio não sustentar mais minha dança tosca, e meu humorvítreo não definir nem o contraste das neutras cores, e qualquer córtex não responder ao mais premente anseio, e a veia cava superior não cuspir mais o que se bebe, e minha matéria virar farinha grossa de rosca, e o mundo rodar ao sol cinza com a lua beje, e o som que de mim reverbera calar-se surdo perdido na terra ou no calor do fogo. Quando o fim do dia lhe brotar o sono e o cinema do seu inconsciente projetar uma angústia breve. Leve e releve, porque em sua lágrima vai se afogar a minha. Comece tudo do zero, porque na sua vontade ficará a minha. Comece tudo de novo, porque na sua teimosia sucumbirá a minha. Comece tudo do nada, porque na sua vida morrerá a minha.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Questão de Ordem

Toda vez que te escrevo
Me encanto.
E te canto
Toda vez que me inscrevo.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Conxilo

Ela está com sono.
Já come tritongos, ditongos, vogais.
E eu já não durmo sem ela.
Sem ela já não vivo mais.