O tal do biguibangue quando estourou ricocheteou vontade de descobrir para todo o lado. E nessa vontade ricocheteou a menina do Hotel Paris com força, pé na porta, estou entrando. Pisava eu em lama, pisava eu em nuvem e afundava na minha cegueira morta. A idéia não era essa, mas a boca não cala, ensaboada, solta todas as meias verdades possíveis quando não se tem muito o que dizer. Ficar perto e olhar já bastava, mas alguma coisa me empurrava pra dentro do mundo dela. Tradução sem eficiência, as línguas se enrolaram na impossibilidade de comunicação. A línga dormiu na boca e o corpo cansou. O silêncio me anestesiou e me cortejou até a hora em que a voz subiu. Acorda, doidão! Acorda! Você está me perseguindo! Quando brincava de polícia e ladrão eu era o ladrão. Gostava de fugir. E ontem eu fugi dela porque precisava mudar essa imagem que eu não construí. Mas agora já era. A serigrafia impressa na percepção já devastou qualquer chance de sobrevida. Acorda, doidão! Quando eu acordei vi a cama de cima por baixo e uma tatuagem de barata na madeira. Cãibra na perna. Cãibra na consciência. Se fosse um sonho seria bem melhor. Só teria que prestar contas para mim.
domingo, 17 de maio de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário